sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Num Piscar de Olhos

Publicação de Rosa Helena Schuch Santos, Psicóloga com Mestrado em Gerontologia em seu blog dia 18 de fevereiro 2013.

http://www.envelhecente.blogspot.com.br/2013/02/num-piscar-de-olhos.html


Num piscar de olhos



         Foram mais as escolhas do acaso do que as minhas. Mais foram as escolhas do inconsciente do que da razão. Assim trilhei o caminho até chegar aqui. Algumas vezes já me peguei questionando. E se eu tivesse estudado cinco minutos a mais por dia, no período da adolescência? E se não houvesse me arrependido da troca de colégio? Se eu concluísse o outro curso universitário iniciado? Se não tivesse inventado um time de vôlei para representar a universidade naquele ano? Se tivesse casado com o primeiro amor? Se meu irmão não fosse tão machista? Se minha melhor amiga não tivesse rompido o casamento? E se eu não tivesse olhado para o lado que olhei no exato momento em que me virei, e visto o que eu vi? Sem dúvida a minha vida seria outra, distante léguas deste aqui e agora com o qual me deparo.
         Da mesma forma, surpreendo-me imaginando os infinitos desfechos possíveis para os amanhãs. Num único instante tudo pode ser redirecionado e se transformar, e as perspectivas serem reinventadas encaminhando-me ao futuro expandido ou restringido. Assim, aqui estou eu, pensando na vida. Querendo decifrar as possibilidades futuras enquanto invisto energia e imaginação em projetos que dependem tanto de mim quanto das forças indomáveis do universo.  Porém, independente da cumplicidade ou da revolta das circunstâncias, eu tenho a convicção que darei o sangue para ver meus planos concretizados. Atualmente é com gana que vivo o presente rumo ao futuro: sonhando e realizando, enfrentando chorando fugindo lutando e sorrindo.
         Sempre quero mais, creio que posso mais, penso que preciso fazer mais para a felicidade deslizar fluída sobre as águas da corredeira sem fim. Por baixo das brancas espumas borbulhantes, indiferente ao turbilhão das águas da superfície, há pedras e escuridão, moram monstros e pesadelos. Ciente disso, quando busco um pouco mais à minha vida, meu empenho é desenvolver, na maestria da navegação, habilidades e jeitos que me conduzam à superação dos obstáculos profundos e ao desfrute das tão ambicionadas aventuras.
         Meu passado poderia ter seguido outros rios, talvez escorregado por largo tempo em águas calmas e cristalinas, ou se enlameado e se perdido por entre águas traiçoeiras. A história está em curso e a viagem continua. No fluxo ao futuro ainda posso descortinar paisagens inimagináveis, tanto belas quanto terríveis. Mas, o fim afortunado de todos os meios do caminho é decorrência de uma decisão maior, de um tempo no qual eu não o sabia contar, de uma vontade irresistível de me surpreender comigo e com a vida. Está no sangue o colorido que trago nas veias, é herança de uma família gaiata corajosa e inspirada.
Num piscar de olhos o presente guarda-se no passado e o futuro se faz presente improvisado, apesar de todos os planejados traços. Mas a felicidade que hospedo em mim nem pestaneja, vive de olhos bem arregalados me orientando a driblar a turbulência das agitadas águas e a escapar da truculência perversa dos fantasmas amaldiçoados e suas sombrias armadilhas.
        

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