domingo, 21 de outubro de 2012

I am the Warlus - Eu sou a Morsa


Na juventude, John Lennon devorava livros. Lewis Carol sempre esteve entre os seus autores preferidos. Em 1967, a canção "I am the Walrus" foi lançada no álbum Magical Mistery Tour. 
Com inspiração no poema A Morsa e o Carpinteiro em Alice no País dos Espelhos de Lewis Carol, John Lennon escreveu parte da letra, segundo ele, em duas distintas "viagens" de ingestão de drogas. Alguns versos foram escritos após John Lennon ler que um professor de sua antiga escola, Quarry Bank Grammar School, estava utilizando as letras das músicas dos Beatles para as aulas de inglês. Então ele escreveu alguns versos totalmente sem sentido para confundir os que fossem utilizar esta canção para análise.
A música é a junção de três diferentes canções que John resolveu fundir em uma. A primeira, é inspirada em uma sirene de ambulância: "I-am-he as you-are-he, "Mis-ter cit-y police-man" . A segunda, inicia-se no verso:"Sitting in a english garden...". A terceira, é a mistura da letra que ele escreveu para confundir os gramáticos.
A letra é, como um todo, sem sentido. Inúmeras interpretações vem sendo dadas ao longo dos anos para entendê-la. 
Segundo o próprio Lennon, pensou inicialmente que a morsa seria boa e o carpinteiro mau. Depois descobriu que era ao contrário. Mais tare, quando a separação do grupo era inevitável, disse: "A morsa é Paul McCartney".


                              A MORSA E O CARPINTEIRO - Alice no País dos Espelhos

                                                                            de  Lewis Carol


O Sol rebrilhava feliz sobre o mar,
Brilhava em pleno poder;
Feroz procurava as ondas tornar
Brilhantes também e tranquilas correr -
E isso era estranho, porém, ao se ver
Que era meio da noite!

A Lua brilhava também, amuada,
Porque achava que o Sol
Não tinha motivos para fazer nada
Depois do crepúsculo, antes do arrebol -
"Mas que grosseria!" - dizia - " um farol
Atrapalhar meu plantão!"
O Mar era úmido e todo molhado
As areias eram secas, porém,
Não se via uma núvem no céu estrelado
Porque não saíram as núvens também -
E as aves não piam, as aves não vêem
Que o Sol retornou!

A Morsa marchava ao longo da praia,
Ao lado do Carpinteiro;
Choravam ao ver quão extensa era a raia
De areias aos montes, num grande terreiro -
"Vão ter de chamar o carroção do pedreiro
E fazer um aterro!"

"Se sete criadas com sete esfregões
Varressem metade de um ano" -
Indagou a Morsa - "estes areiões
Poderiam ser limpos pelo esforço humano?" -
Falou o Carpinteiro "Descreio do plano" -
Soltando uma lágrima triste!

"Vinde, Ostras queridas, conosco passear!"
-A Morsa gentil convidou.
"Um passeio agradável, à beira do mar,
Na praia salgada que o vento agitou." -
"Subam quatro somente" - depois ajuntou -
"E todos daremos as mãos!"

A Ostra mais velha apenas olhou,
Sem nem ao menos falar;
A Ostra mais velha seus olhos piscou,
Meneando a cabeça, como a revelar -
Que o leito das ostras não ia deixar
No fundo do Oceano!

Mas quatro das Ostras mais jovem subiram,
Ansiosas pelo passeio:
Lavaram o rosto, os cascos vestiram,
De sapatos lustrados, sem terem receio -
De mostrar por este ou qualquer outro meio
Que nem tinham pés!

E logo quatro das Ostras nadaram
E mais outras quatros surgiram;
Em um bando radiante a areia alcançaram
E outras e outras a praia atingiram -
Saltaram as ondas, à margem subiram,
Dançando em folia!

A Morsa avançou, junto ao Carpinteiro:
Quilômetros e meio marcharam
Juntaram um monte de pedras primeiro
E uma espécie de mesa depois prepararam -
Ao redor as Ostrinhas também se assentaram
Esperando uma história!

A Morsa exclamou: "A hora é chegada!
Temos mil coisas para conversar:
Sapatos, veleiros e cera encarnada
E lacre e repolhos e Reis proclamar! -
Porque esta noite fervente está o mar
E os porcos criaram asas!"

"Esperem um momento!" - As Ostras gritaram -
"Depois iniciamos a conversação:
Estamos sem fôlego, nossos pés se cansaram,
Nós somos gordinhas - tenham compaixão!" -
Falou o Carpinteiro: "Esperamos, pois não?!"
E as Ostras agradeceram!

"Precisamos agora de uma bisnaga de pão" -
Disse a Morsa, contente.
"Pimenta e vinagre na palma da mão
E um pouco de sal, que se espalha frequente -
E agora, se está pronta a assembléia presente,
Começamos a comer!"

As Ostras gritaram: " Vão nos devorar?
Não façam! Piedade!
Nós somos amigas! Não podem matar
Depois da conversa e passeio: é maldade! -
E a Morsa responde, com sinceridade:
"Gostaram da vista, não foi?"

"A sua visita nos deu muito prazer,
Foi uma delícia este dia!"
O Carpinteiro contentou-se em dizer:
"Por mim está ótimo -outro assim me servia -
Por favor, me corte mais uma fatia:
Eu quero mais pão!"

A Morsa falou: " Estou envergonhada,
Foi um truque cruel!
Trazê-las aqui, nesta caminhada,
Cmo se fossem pelotão de quartel" -
E o Carpinteiro limpou num papel
As mãos sujas de manteiga!

"Chorei por vocês" - a Morsa falou - "Com profunda simpatia".
Aos soluços, fungando, ela devorou
As Ostras maiores que via! -
E, nos intervalos, seu lenço trazia
E secava suas lágrimas!

" Ostrinhas queridas" - falou o Carpinteiro -
"Pra mim este dia foi muito feliz!
E, agora, voltemos pra casa ligeiro!..."
Mas nenhuma resposta se escuta ou se diz -
Aquelas que o bom Carpinteiro não quis,
Foram todas comidas pela Morsa primeiro!...













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